Espaço de compartilhamento, registros, sensações, reflexões, discussões, expressões, imagens, sons, vazios... de diversos elementos da forma e do conteúdo da arte e da vida. Blablabla...

"(...) não o grites de cima dos telhados, deixa em paz os passarinhos (...)"

"(...) Quem pode, pode Deixa os incomodados que se incomodem (...)"

"(...) um coturno (...) sapatilhas de arame (...) alpercatas de aço (...) pés descalços sem pele (...) um passo que a revele (...)"

"(...) Pra pedir silêncio eu berro Pra fazer barulho eu mesma faço (...)"

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Olá, de novo!

Novamente, fiquei muito tempo sem escrever. Talvez se deva à correria em que consiste minha vida, ou à necessidade que sinto de pertencer mais ao mundo real do que ao virtual, ou quem sabe à urgência de vida que eu tenho, que me faz beber a cada instante o mundo, a natureza, a estética da vida... quem sabe.
Neste momento, uma parte de mim precisa se abandonar para que outra se projete. Triste divisão. Queria ter mais braços, mais pernas, mais corações, mais estômagos e intestinos para agarrar todas as possibilidades que se abrem à minha frente. Reles corpo humano, que é um só. Renego meu corpo nestes momentos. Não um renegar de raiva, mas de lamento. Considero lamentável ter tanto agito por dentro, tanta inquietação, tantas angústias e não ter mais corpos para sofrer, para celebrar, para correr e para relaxar. Triste não ter de fato o dom da ubiquidade. Li sobre isso num conto, que minha amiga Regina generosamente compartilhou comigo. Fiquei em êxtase. Era tudo o que eu precisava.
Sinto o calor da minha cidade neste instante, que se tornou uma versão possível do inferno. São 01h46min e faz mais de 30 graus. Pode? Não devia. 
Voltando: devíamos poder ter quantos corpos quiséssemos. Um dos meus estaria neste instante em um ambiente fresquinho, mas não artificial. Não aguento mais o ar-condicionado. O próprio nome já é terrível de pensar: um ar que está condicionado, que tem uma condição, que nos condiciona, que nos faz sofrer por uma condição. Resseca-me o aparelho respiratório. Que fazer? Jogar-me fora? Triste Fim de Policarpo Quaresma. Alguém me disse ontem que não queria “morrer de um jeito tão estúpido”. Pensei que não há jeito de morrer que não seja estúpido. Não discuti. Aprendi a preciosidade do silêncio. Hoje, sorrio sem graça, se for preciso. Quem me conhece sabe que uma das coisas mais espontâneas que tenho é a força do meu sorriso. Até isso a vida me ensinou a silenciar, sob determinadas circunstâncias.
O taxista de hoje me perguntou se eu era ruiva natural. Eu disse que não. Ele disse, com jeito de brincadeira: “Então, não falo mais contigo”. Eu respondi, com jeito de seriedade absoluta: “Então não fala, não precisa. Só precisa me levar até o destino.” Antipática total. Efeito do calor? Talvez. Por favor, a ubiquidade!!! P.S.: Depois ele viu que eu também estava brincando e seguimos conversando. Posso parecer antipática, mas só pareço. Não tenho tempo para tanto esforço.