Espaço de compartilhamento, registros, sensações, reflexões, discussões, expressões, imagens, sons, vazios... de diversos elementos da forma e do conteúdo da arte e da vida. Blablabla...

"(...) não o grites de cima dos telhados, deixa em paz os passarinhos (...)"

"(...) Quem pode, pode Deixa os incomodados que se incomodem (...)"

"(...) um coturno (...) sapatilhas de arame (...) alpercatas de aço (...) pés descalços sem pele (...) um passo que a revele (...)"

"(...) Pra pedir silêncio eu berro Pra fazer barulho eu mesma faço (...)"

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz 2011

Que 2011 seja um ano cheio de momentos felizes para todos nós!!!



A foto é de Kiran Federico León.

Texto do Colóquio (Final)

             Bem, chegamos finalmente à parte que termino o texto RELAÇÕES ENTRE ÉTICA E ESTÉTICA NA CRIAÇÃO TEATRAL CONTEMPORÂNEA, que venho postando aqui em partes desde 21 de dezembo. Como sabem, não sou blogueira diária, mas tento postar relativamente rápido, o que também depende do momento que estou vivendo. Quando a demanda de trabalho é maior, se torna impossível.
             Segue abaixo então o texto. Espero que gostem. Mandem opiniões, se quiserem, bem à vontade. E feliz Ano-Novo.

(...) 
            Abre-se então uma nova questão que é o centro de nossa investigação, que significa a compatibilidade entre a vivência do grupo, seu modo operatório, o comportamento ético nas relações indivíduo e coletivo e a experiência estética que sua poética se propõe. Nessa questão se destacam a dificuldade de efetiva vivência dos valores concebidos e as ações, a capacidade da vivência da diversidade em favor de um processo de criação comum.
            No caso do grupo Neelic, se faz necessário iniciar contextualizando sua realidade concreta: trata-se de um grupo situado no contexto de uma capital brasileira, fora do eixo de grande produção nacional (Rio de Janeiro – São Paulo), em que alguns integrantes não conseguem ter, assim como é a realidade de diversos artistas portoalegrenses, disponibilidade exclusiva para o seu envolvimento com o trabalho. Este fator coloca em risco constantemente a noção de profissionalismo. Neste sentido, alguns aspectos do discurso da poética do grupo se distanciam da realidade prática, ainda que tais aspectos tenham sido estabelecidos pelos próprios criadores.
            Poderia mencionar questões aparentemente bastante simples, como é o caso, por exemplo, da dinâmica de cumprimento dos horários definidos para os encontros do grupo. Como podemos, me pergunto, estabelecer uma harmonia entre o discurso e a vivência cotidiana, se na poética dos espetáculos abordamos os aqui mencionados fatores humanos presentes no encontro com o outro, e ainda assim é tão fácil pôr em risco a confiança que estrutura a relação com este outro? Afinal, quando decidimos coletivamente um horário para os encontros de rotina do grupo, e de alguma forma, na vida diária, a realidade prática que se estabelece é que alguns integrantes não conseguem cumprir o horário que fizeram parte da decisão de estabelecer, impõe-se aí uma questão de confiança. Este fenômeno se deve, via de regra, a problemas pessoais ou questões de trabalho. Pois, como sobreviver unicamente do grupo de teatro é algo ainda da esfera utópica em nossa cidade, os criadores trabalham também em outros projetos. Todavia, por vezes ocorre o evento do hábito ao atraso, e o que deveria ser exceção, se torna regra. Uma possibilidade imediatamente posterior é o surgimento de um abalo na confiança mútua entre os integrantes. Ora, retorno então à pergunta inicial: quais as razões para que, havendo uma escolha por um discurso poético que trate do encontro com o outro, a vivência deste discurso não consiga ocorrer na prática?
             Desta questão aparentemente mais simples, abrem-se outras tantas muito mais complexas, que em ocasião mais oportuna trataremos. Por enquanto, o momento é de interrogar. Desta forma, fico nas perguntas que o assunto me suscita.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Texto do Colóquio (Parte 3)

       
Então, segundo postagem anterior, segue aqui a terceira parte do texto que escrevi para o Colóquio de Montevideo, do qual participei mês passado.
Reitero que ele foi escrito para ser lido ao vivo, e isto é o que lhe concede o caráter coloquial.
Creio que mais uma postagem dê conta de chegar ao final do texto.
Boa leitura e um abraço.



(...)

  
           Sobre esta dimensão política da forma, Marianne Van Kerkhoven[1], faz um estudo que se detém na relação entre a ética e a estética na criação em teatro, e o faz inicialmente explanando um contexto histórico, reportando ao período que se iniciou no final dos anos 60 e perdurou na década de 70: Marianne afirma que os anos 70 foram marcados pelo trabalho coletivo, pelo desejo de dar a palavra a todos aqueles que não se escutava; que na prática artística tentava-se ter um diálogo direto com o público. E observa que no teatro de hoje convivem coletividades de outra natureza: o ator, o material humano, tem se tornado o elemento primário e essencial do processo criativo. Se recorre à personalidade global dos atores, não somente às suas atitudes técnicas. Não há a necessidade de ouvir uma só voz, de ouvir a um grupo inteiro pondo-se de acordo sobre suas ideias; pelo contrário, se quer ouvir vozes diferentes, se quer fazer presente o pensamento individual de cada colaborador. Os atores não são apenas executantes, mas se convertem em co-criadores, que buscam esta mesma relação com os espectadores – estes não são considerados como consumidores passivos, mas como indivíduos ativos, que pensam, sentem e se expressam. O pensamento político que se encontra hoje no teatro está muito condicionado por esta atitude ética.
            Tal processo é resultado do fenômeno de desmantelamento das crenças políticas dos anos 70, quando se acreditava que todas as expressões da realidade social formavam parte de um todo controlável e inteligível. A sociedade estaria composta por uma base e uma superestrutura entre as quais havia movimentos complexos, mas que seriam possíveis de se controlar. Uma vez sob controle se poderia desmontar essa estrutura e reconstruí-la de maneira mais justa. As categorias do pensamento marxista, segundo Marianne, impulsionavam as pessoas na direção de um otimismo entusiasta no que tange à possibilidade de mudança desta organização humana. Mas as grandes mudanças precisaram esperar e a contradição entre a realidade e os pensamentos se tornou cada vez maior. A realidade começou a parecer mais ilegível. A grande construção se fazia em pedaços e todos começaram a se ocupar dos fragmentos na tentativa de levar a cabo em um campo mais restrito pelo menos alguns dos objetivos.
            Atualmente há um retorno para este caminho desde o fragmento até a unidade, até a totalidade, mas sem um marco estrito em que tudo tem seu lugar preciso. Marianne defende que talvez se encontre aí a significação profunda da vulnerabilidade da arte atual. Hoje estamos obrigados a ler a realidade mais profundamente e com mais precisão do que se tem feito antes. A intuição se converte nesse momento em uma íntima companheira.
            O paradoxo do compromisso atual do artista, segundo a autora, reside no fato de que o mesmo artista, que era uma força social progressista, está se tornando um defensor dos “velhos valores”. E a pergunta que daí extrai é: ele se tornou conservador ou é o mundo que está invertido? O que contesta as tendências gerais da sociedade, neste momento, luta contra a “ficcionalização” da vida através dos meios de comunicação, contra uma vida que se desenvolve em uma “realidade” virtual, defende a velha cultura, a leitura lenta dos clássicos da literatura contra as imagens a toda velocidade do videoclipe, luta contra o consumo superficial de uma vida atual que se vê reduzida a clichês. De uma situação tal nasce uma turbulência, um sentimento de confusão individual, de impotência que expressam muitos artistas atuais.
           


[1]  A fusão da ideologia e da estética no teatro contemporâneo Texto proveniente da participação da autora no Seminario de Estudios Teatrales da Universidad de Málaga, que a convidou para falar em forma de conferência sobre a ideologia e a estética na arte contemporânea, mais precisamente no teatro.

(CONTINUA...)
 
Acima, fotografia de elementos cenográficos do espetáculo O Retrato, do grupo Neelic, dirigido por mim. A foto é de Kiran Federico León.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Texto do Colóquio (Parte 2)

Então, segundo postagem anterior, segue aqui a segunda parte do texto que escrevi para o Colóquio de Montevideo.
Sempre lembrando que ele foi escrito para ser lido ao vivo, e isto é o que lhe concede o caráter coloquial.
Bem, acredito que mais uma ou duas postagens dêem conta de finalizá-lo.
Espero que meus pensamentos sirvam para alguma coisa pra ti, que os lê.
Abraço.


(...)
        No caso do grupo Neelic, estamos, há certo tempo, trabalhando algumas questões na poética dos espetáculos que gostaria de trazer aqui: primeiramente buscamos encontrar, de algum modo, aquilo que, no caos da contemporaneidade, ainda possibilita aos homens que se sintam humanos. A percepção de quais elementos “nos unem”, de certa forma. E isto é trabalhado na poética dos espetáculos do grupo a partir da relação entre atores e entre personagens, ou seja, a partir do encontro com o outro, fator relacionado ao posicionamento de Brecht, que afirmava que a menor unidade social não é um indivíduo, mas dois. Também desenvolvemos uma pesquisa poética em busca de uma interferência sobre o espectador. Temos dado a este procedimento a palavra atravessar. Desejamos poder tocar sem tocar no espectador, perturbá-lo. Explico-me: buscamos, na poética dos espetáculos, que o espectador tenha uma experiência estética provocada pelo modo como são tratados temas pertinentes ao humano, como passionalidade, solidão, amor, entre outros. Buscamos que o espectador se sinta atravessado por este encontro de dois ou mais e possa se questionar a respeito de sua própria humanidade, que possa se perturbar. E quando digo tocar sem tocar, quero me referir a universos possíveis deste tocar no espectador, sem que seja necessariamente o toque físico. Quais são as muitas formas de tocar, de contatar? Queremos descobrir que formas possíveis são estas que inicialmente não se deixam perceber.
            Outra questão que me parece relevante destacar na poética que o grupo vem desenvolvento é o evidenciamento dos detalhes da cena. Tradicionalmente, o teatro feito para palco italiano tem como estrutura uma “caixa preta”. Nos últimos três trabalhos do Neelic utilizamos o inverso disto, uma “caixa branca”. A possibilidade deste “clareamento” da estrutura da cena encaminha todo o fenômeno teatral de forma muito diferente do que com o seu convencional escurecimento. As imagens e atuações estão mais expostas, seus detalhes são ampliados, e consequentemente, a percepção do espectador também. Além da dimensão de amplitude que cada elemento da cena recebe, absolutamente nada passa despercebido.
            É preciso aqui observar que há uma busca de aceder a uma dimensão política nesta experiência estética, uma vez que está intrínseca nesta escolha a noção de interrupção já trazida por Lehmann. O autor alemão deixa clara sua posição sobre o caráter verdadeiramente político do teatro: Lehmann afirma ser equívoca a ideia corrente de teatro “político” como a de uma expressão artística que apreenda temas discutidos publicamente ou que ela mesmo traga para a discussão, tendo, dessa forma, efeito esclarecedor. O autor defende que não devemos pensar num teatro com conteúdos políticos de “prima vista”, e sim que incorpore um relacionamento genuíno com o que é político. É necessário, segundo Lehmann, deixar o que é político atingir a estrutura do teatro, ou seja, sua forma, e não trazer ao palco uma realidade política que acontece em outro lugar, para no máximo impingir uma mensagem ou uma doutrina.

(CONTINUA...)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Novo Blog do Neelic

Gente, o Neelic está de blog novo. Agora é http://gruponeelic.blogspot.com/. Acessem, fiquem por dentro de coisas interessantes e se divirtam!

Texto do Colóquio

Conforme prometido na postagem anterior, segue abaixo o texto que escrevi para o Colóquio de Montevideo.
Preciso avisar que ele foi escrito para ser lido ao vivo, então, está em linguagem coloquial e não formal.
Outra coisa: colocarei ele aqui em partes, pois é grandinho para um blog. A que segue abaixo é a primeira.





RELAÇÕES ENTRE ÉTICA E ESTÉTICA NA CRIAÇÃO TEATRAL CONTEMPORÂNEA (PARTE 1)

            Desde o momento em que comecei a sentir interesse pelas teorias das artes cênicas, noto que muito pouco há escrito a respeito das relações que se estabelecem entre a ética que norteia os processos de criação e a poética do grupo de teatro, e tampouco há um exercício prático disto no desenvolvimento do trabalho dos grupos que hoje atuam. Ao menos não desta forma compreendido ou denominado.
            Escolhi então como objeto de análise o trabalho que o grupo Neelic vem desenvolvendo em Porto Alegre desde sua fundação, no ano de 2003. O Neelic é o grupo teatral do qual faço parte, e cuja sigla significa Núcleo de Estudos e Experimentação da Linguagem Cênica.
Desde a fundação do grupo, participamos de projetos públicos que envolvem o convívio com diversos outros grupos de Porto Alegre, como é o caso da ocupação artística do Hospital Psiquiátrico São Pedro, no qual atuam desde o ano 2000 cinco companhias de teatro em espaços outrora ociosos e abandonados pela maquinaria pública. O Neelic trabalha nesta ocupação desde sua fundação, em 2003, e também, desde 2007, na Usina do Gasômetro, edifício que no qual atuam seis coletivos de teatro e dança, e mais dez convidados. O prédio foi anteriormente uma usina elétrica à base de carvão, mas que desde 1974 estava desativado. No ano 2005 foi estabelecido o projeto Usina das Artes. 
No decorrer da trajetória do grupo, marcada pela convivência com diversos outros grupos de teatro da atualidade, observo que muito tem se pensado na consolidação de elementos que signifiquem uma identidade poética para os grupos.
Todavia, percebo que na busca por esta identidade poética, muito pouco se fala a respeito dos sujeitos integrantes de tais grupos, de seu comprometimento ético individual e de como esse comprometimento ético reverbera na prática e na consequente identidade dos mesmos grupos. Também não se fala sobre a identidade como algo relativo, mas muito frequentemente como algo fixado. Já Bakhtin falava de uma identidade relativa do sujeito, não fixada, e tenho embasado minhas reflexões nesta ótica, trazendo esta realidade para pensar a vivência do grupo: se um grupo é formado de sujeitos, assim como a identidade do sujeito, a do grupo também pode ser considerada com relatividade e não fixidez.  
            Assim, tenho pensado muito em possibilidades de trabalho coletivo, mas de um coletivo que pense de forma harmônica a instância do coletivo e a do indivíduo. Acredito que, anteriormente a criar estruturas sobre o funcionamento dos grupos, é preciso problematizar a existência do próprio grupo. E penso que uma adequada forma de fazê-lo é trazer à tona a instância do sujeito colocado neste grupo.

(CONTINUA...)

domingo, 28 de novembro de 2010

Escrevendo

Estou neste instante escrevendo sobre estética, ética e política no teatro. Assim que o texto estiver pronto, coloco ele aqui. Está sendo feito para o Colóquio de Montevideo.

Acabo de me dar conta que não registrei aqui como foi o Congresso da ABRACE, em SP. Depois escrevo.

Ok, não deixem de ir na minha peça. Não esqueçam que hoje é a estreia!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Nova peça de minha direção

Amigos, será apresentada em uma temporada de sete dias de duração a nova peça que dirijo, Primeiro Amor. O trabalho é muito querido para mim, pois é sobre o processo dele que venho pesquisando para minha dissertção de mestrado. Espero sinceramente poder contar com a presença de vocês. 
E de todos aqueles que, mesmo que eu não conheça pessoalmente, sei que acompanham meu trabalho. Obrigada pela presença de sempre.
A estreia é dia 28 de novembro, já está super próximo.
Ah, inclusive, a imersão na finalização deste processo de criação foi o o fator responsável por eu ter ficado tanto tempo sem escrever. Mas agora estou retornando ao hábitos adquiridos com o tempo, sendo um deles, a escrita...
Ok, já dei muita informação, por hoje. Deixo aqui duas fotos apenas, de ensaio. Elas são do meu querido amigo Kiran. As meninas que estão nelas, Suelen e Simone, são maravilhosas.
Certo, agora se organizem para irem lá me ver!

Ah, dêem uma olhada no material de divulgação da peça também. Está no nosso site www.neelic.com.br e no nosso blog: www.neelic.com.br/blog.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Chuva

Está chovendo... Muita sobrecarga no trabalho, como sempre. Tenho pensado muitas coisas novas e às vezes tudo dói, de tanto pensar. Não estou com tempo para exercitar meu corpo, e me faz falta. Daí, pensando em tudo isso, lembrei de outra música do Baleiro - tenho andado com ele também na minha cabeça, mas esta parte é uma das que não dóem. Tá, deixo ali a letra. P.S. Só agora que fui postá-la aqui que vi como é comprida a letra, ouvindo nunca tinha percebido.

Piercing
Zeca Baleiro
Composição: Zeca Baleiro

"Quando o homem inventou a roda
logo Deus inventou o freio,
um dia, um feio inventou a moda,
e toda roda amou o feio"

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

Pra elevar minhas idéias não preciso de incenso
Eu existo porque penso
tenso por isso existo
São sete as chagas de cristo
São muitos os meus pecados
Satanás condecorado
na tv tem um programa
Nunca mais a velha chama
Nunca mais o céu do lado
Disneylândia eldorado
Vamos nós dançar na lama
Bye bye adeus Gene Kelly
Como santo me revele
como sinto como passo
Carne viva atrás da pele
aqui vive-se à míngua
Não tenho papas na língua
Não trago padres na alma
Minha pátria é minha íngua
Me conheço como a palma
da platéia calorosa
Eu vi o calo na rosa
eu vi a ferida aberta
Eu tenho a palavra certa
pra doutor não reclamar
Mas a minha mente boquiaberta
Precisa mesmo deserta
Aprender aprender a soletrar

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

Não me diga que me ama
Não me queira não me afague
Sentimento pegue e pague
emoção compre em tablete
Mastigue como chiclete
jogue fora na sarjeta
Compre um lote do futuro
cheque para trinta dias
Nosso plano de seguro
cobre a sua carência
Eu perdi o paraíso
mas ganhei inteligência
Demência, felicidade,
propriedade privada
Não se prive não se prove
Dont't tell me peace and love
Tome logo um engov
pra curar sua ressaca
Da modernidade essa armadilha
Matilha de cães raivosos e assustados
O presente não devolve o troco do passado
Sofrimento não é amargura
Tristeza não é pecado
Lugar de ser feliz não é supermercado

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

O inferno é escuro
não tem água encanada
Não tem porta não tem muro
Não tem porteiro na entrada
E o céu será divino
confortável condomínio
Com anjos cantando hosanas
nas alturas nas alturas
Onde tudo é nobre
e tudo tem nome
Onde os cães só latem
Pra enxotar a fome
Todo mundo quer quer
Quer subir na vida
Se subir ladeira espere a descida
Se na hora "h"o elevador parar
No vigésimo quinto andar
der aquele enguiço
Sempre vai haver uma escada de serviço

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

Todo mundo sabe tudo todo mundo fala
Mas a língua do mudo ninguém quer estudá-la
Quem não quer suar camisa não carrega mala
Revólver que ninguém usa não dispara bala
Casa grande faz fuxico quem leva fama é a senzala
Pra chegar na minha cama tem que passar pela sala
Quem não sabe dá bandeira quem sabe que sabia cala
Liga aí porta-bandeira não é mestre-sala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor 

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Um Pouquinho de Teatro e Música

Estava mexendo em umas fotos do ano passado e encontrei esta, da Dramen des Alltags (peça do Núcleo de Pesquisa em Atuação do Neelic, que oriento). Acho tão linda, que quis postar aqui. Neste momento, estamos finalizando na Pesquisa a montagem de O Rinoceronte, de Ionesco. Tá ficando linda a peça.


A foto acima é de Kiran Federico León.

Deixo também a letra de uma música do Zeca Baleiro e Zé Ramalho, que gosto muito. Chama-se Bienal, e ao meu ver faz (de um jeito divertido) um excelente apanhado de ideias e fatos do nosso tempo.


Bienal
Zeca Baleiro
Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho

Desmaterializando a obra de arte do fim do milênio
Faço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta

Meu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista
calcado da revalorização da natureza morta

Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria,
"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia
E muito mais feio que um hipopótamo insone"

Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno

Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana

Com a graça de Deus e Basquiat
Nova York, me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana

Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de pepsi e fanta uva
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina

Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da silibrina
Desintegro o poder da bactéria

Com o clarão do raio da silibrina
Desintegro o poder da bactéria

domingo, 3 de outubro de 2010

Dica de Curso

Oi queridos amigos,
O Neelic, grupo de teatro do qual sou membro, está com um novo curso de teatro. Veja abaixo a descrição e fica aí a dica para quem quiser se apaixonar por este dramaturgo junto com a gente!


CURSO DE TEATRO "UM ESTUDO SOBRE SHAKESPEARE"
Para iniciantes e “não iniciantes” em teatro: “Um estudo sobre Shakespeare”. O curso tem duração de oito meses e conta com a montagem de uma obra no final do processo. O curso é constituído por aulas teóricas e práticas com a diretora Desirée Pessoa e com a atriz e professora Anna Fuão. Aos interessados inscrevam-se através de email ou telefone, pois o número de vagas é limitado. Aproveitem enquanto
as inscrições estão abertas para aprofundarmos juntos os conhecimentos sobre esse que é considerado o autor mais influente
da língua inglesa. Aguardamos você.

CURSO DE TEATRO
UM ESTUDO SOBRE SHAKESPEARE (NÍVEL
INICIANTE)

PÚBLICO-ALVO: todos os interessados a
partir de 18 anos (iniciantes).
METODOLOGIA: o curso é composto de oito
meses de aulas práticas, seminários teóricos (MATERIAL DIDÁTICO EXCLUSIVO), e um Espetáculo Teatral (CERTIFICADO DE CONCLUSÃO).
CONTEÚDOS: aulas de expressão corporal,
expressão vocal, improvisação, jogos e interpretação teatral.
PROFESSORES: Desirée Pessoa (atriz e diretora de Teatro, mestranda
em Artes Cênicas UFRGS), Anna Fuão (atriz, professora e produtora de Teatro, licenciada UFRGS)
INSCRIÇÕES: www.neelic.com.br / (51) 3391.5931 / (51) 9274.9933
 

A foto acima é de Kiran Federico León.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Crítica

Pessoal, segue abaixo a crítica que escrevi a convite do Festival Porto Alegre em Cena deste ano, para postagem no blog deles, sobre o espetáculo Corte Seco.

Corte seco




Em cena, três televisores sobre suportes com rodinhas. Uma mesa técnica à direita de quem olha. Um amontoado de cadeiras – de diversos tipos – à esquerda.

Quando chegamos ao teatro, os técnicos e a diretora estão trabalhando em sua mesa, à vista do espectador. Logo os atores começam a surgir, e se misturar à plateia, conversando trivialidades com algumas pessoas do público, escolhidas aleatoriamente. O palco, descortinado, evidencia todas as suas paredes. Luz branca. A diretora pergunta ao microfone: “Podemos começar?”. Informa que em cinco tempos vamos começar. Conta até cinco e a atriz Branca Messina começa a contar uma história ao público, sobre seu avô, sua avó e um baile de Carnaval. Exceto pelo fato de que, muito frequentemente, tudo aquilo que está no palco é escolhido pela equipe artística, não se pode perceber de imediato se a atriz está interpretando um texto ou contando uma passagem de sua vida. E esta é a atmosfera do espetáculo até seu final. Histórias diversas vão se entrecruzando, em um aparente misto de ficção e realidade e em uma dinâmica que realmente nos remete à da vida contemporânea: interrupções bruscas ocorrem entre uma e outra passagem, justificando assim o título do espetáculo.

As cadeiras que estavam inicialmente amontoadas vão sendo dispostas de diferentes formas, de acordo com cada história que vai sendo contada. O espetáculo é desconstruído, a narrativa é fragmentada, o sentido de improvisação é trabalhado de forma explícita e o tratamento do acontecimento teatral ocorre com uma certa crueza que o torna interessante e aparentemente inovador ao público. De fato, os elementos que compõem a peça, se considerados separadamente, não apresentam novidade alguma. A maneira como foram arranjados é o fator que consegue surpreender. O jogo, aqui, é aberto, compartilhado. Chego, então, onde desejava: o jogo, ao meu ver, é o grande mérito do espetáculo.

Nem a escolha por uma poética contemporânea, nem a capacidade técnica dos atores, nem as histórias que vão sendo presentificadas, ou a forma espontânea como o espetáculo se desenvolve (com atuações trabalhadas muitas vezes sobre a noção de casualidade), tampouco os elementos compositores do espetáculo, tais como iluminação, figurino e trilha sonora, superam na peça este seu elemento fundamental. A própria mediação tecnológica, que situa concretamente o espectador em uma encenação contemporânea, sobretudo nos momentos em que alguns atores saem teatro afora, indo até o saguão e mesmo até a avenida onde o edifício se encontra (tudo isso sendo monitorado pelos televisores em cena), não pode ser considerada como o essencial do trabalho. Em Corte seco, o jogo é o fator que permite a relação com o público de forma eficaz e dinâmica. Segundo Viola Spolin, autora internacionalmente conhecida por sua contribuição para a prática das artes cênicas, os jogos desenvolvem as técnicas e habilidades pessoais necessárias para o jogo em si, através do próprio ato de jogar, e no momento em que a pessoa está jogando, recebendo toda a estimulação que o jogo tem para oferecer, verdadeiramente aberta para recebê-las.

No espetáculo da Cia. Vértice de Teatro, tal desenvolvimento de técnicas e habilidades é dividido com o espectador, que, implicado intelectualmente pela obra, se deixa também experienciar esta abertura. Os atores são estimulados, durante o acontecimento cênico, pela diretora Christianne Jatahy, que sorteia a ordem das cenas durante a encenação. As regras de cada jogo vão sendo informadas ao público, que completa, neste sentido, o terceiro e fundamental lado de uma relação aberta e triangular, aspecto evidenciado pelas luzes da plateia, que permanecem acesas durante a encenação, apenas com variações de intensidade. O ato de jogar em cena é complementado por verbos determinados nas cadeiras manipuladas durante o acontecimento: descrever, narrar, interiorizar, dialogar, caracterizar. E, pela utilização de um rolo de fita crepe, elemento simples, mas que por vezes torna muito mais interessante o desenvolvimento da ação, a relação com a ludicidade da cena e as imagens criadas. Os verbos vão determinando a forma que o jogo acontece, entretanto, até esta regra é extrapolada, por vezes, em favor da poética. Em Corte seco, o trabalho dos atores Eduardo Moscovis, Marjorie Estiano, Leonardo Netto, Branca Messina, Cristina Amadeo, Daniela Fortes, Felipe Abib, Paulo Dantas, Ricardo Santos, Stella Rabello, Thereza Piffer e da diretora ocorre aos olhos do público através de características que dizem respeito às noções de teatro pós-dramático, que trata o teatro como arte que acontece na presença ativa mútua entre aqueles que a executam e seus espectadores. Estes últimos, inclusive, além de terem participado alegremente quando convocados durante o decorrer do jogo, saíram do teatro surpreendidos e desassossegados. Sob minha ótica, em Corte seco, ocorreu uma relação teatral, o que significa dizer que o jogo está valendo.

*

Desirée Pessoa
Diretora de teatro, atriz, pesquisadora e professora. Dirige o Grupo Neelic. Mestranda do PPGAC-UFRGS. Graduada em Teatro pela UFRGS. Seu espetáculo mais recente é Sem açúcar. Tem estreia agendada para novembro de 2010 do espetáculo Primeiro amor, inspirado no texto homônimo de Samuel Beckett.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Drummond

"A cada dia que vivo mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."

Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade foi um poeta brasileiro (1902 - 1987), também cronista, contista e tradutor. Entre suas obras de maior destaque, Alguma poesia, Sentimento do mundo e A rosa do povo.


A imagem acima é um brinquedo meu em editor de fotografia.

 
Biografia de Drummond

Poeta, cronista, contista e tradutor brasileiro. Sua obra traduz a visão de um individualista comprometido com a realidade social.

Na poética de Carlos Drummond de Andrade, a expressão pessoal evolui numa linha em que a originalidade e a unidade do projeto se confirmam a cada passo. Ao mesmo tempo, também se assiste à construção de uma obra fiel à tradição literária que reúne a paisagem brasileira à poesia culta ibérica e européia.

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade natal, em Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.

Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Excelente funcionário, passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.

Predomínio da individualidade. O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário. A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar.

Vem daí o rigor, que beira a obsessão. O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo, no que desmonta, dispersa, desarruma, do berço ao túmulo -- do indivíduo ou de uma cultura.

Em Sentimento do mundo (1940), em José (1942) e sobretudo em A rosa do povo (1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre.

Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.

Fonte: http://www.pensador.info/autor/Carlos_Drummond_de_Andrade/biografia/

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Crítica

Gente,

segue abaixo link para crítica do meu último trabalho, O Capote, da Escola do Neelic.

veja lá!


http://natramadacritica.blogspot.com/

Obras do Em Cena

Ois.

Assisti até agora três obras belíssimas no Poa Em Cena deste ano e gostaria de compartilhar, numa última tentativa de que se você, que está lendo isso aqui agora, ainda não comprou seus ingressos, se anime, pois é um evento muito bacana e que vale muito a pena fazer parte.
A minha primeira experiência no Em Cena deste ano foi o espetáculo de abertura, Alkohol, de Goran Bregovic com a Weddings and Funerals Orchestra. Nascido em Sarajevo, hoje na Iuguslávia, Goran é alguém que podemos chamar de especial. Com uma energia fortíssima, levou o público a momentos de concentração absoluta e outros de puro agito. Fazer as pessoas levantarem e dançarem animadíssimas numa noite fria, em pleno Bourbon Country não é para qualquer um, pensei. E me dei conta mais uma vez de como gosto do movimento das pessoas. De como me é prazeroso vê-las dançando, se movimentando. O movimento das gentes no coletivo é algo que me toca de forma tão inexplicável que chega a ser assombroso. As pessoas conhecidas, e as desconhecidas, misturadas, fundindo cores, cheiros, energias. As idades, as formas. Tornando carne o som emitido pelos dezoito músicos em cena, que, a própósito, estavam perfeitamente distribuídos: ao fundo, o pessoal da estética clássica - o preto básico prevalecendo. Divididos corretamente entre homens e mulheres. Nas laterais à frente, a estética era a tradicional-folclórica, com direito a detalhes mínimos nos figurinos e adereços. Me chamou muita atenção a felicidade e espontaneidade daquelas pessoas, que davam a impressão de estarem se apresentando pela primeira vez, tamanha explosão de energia no palco. Uma delas, a que estava bem na ponta esquerda, era linda de chorar: um olho claro e saliente que olha mesmo para quem está cantando, uma voz suave, gostosa de escutar. Ao centro, conduzindo tudo com força e suavidade absolutamente bem temperadas, estava o próprio Goran, com seu figurino contemporâneo todo branco, sapatos vermelhos e sua guitarra azul, ao lado de outro músico,  jovem, também contemporaneamente vestido, de preto. Que aliás, tinha uma energia muito linda, também. E alguns momentos de destaque no espetáculo. O que mais me tocou foi a sensação de que eles poderiam ficar ali horas tocando, escolhendo mais uma e mais outra música,  incansavelmente. A tranquilidade que tinham em continuar proporcionando ao público a euforia de poder participar daquele momento me fez sentir muito contemplada. Tanto que fizeram um "bis" de quase uma hora, maravilhoso. E já ao fim da apresentação, Goran ainda tinha um fôlego e uma força que transbordavam, regendo a energia da plateia através de  sua proposta: "Atacar!". E o público atacou! Gritou, sorriu, dançou, se abraçou. A noite fria de Porto Alegre ficou mais quente depois dessa experiência. A saída das pessoas do teatro foi eufórica, todos comentando entusiasmadamente o que aconteceu.   

Bem, acabo de perceber que vai ficar muito pouco espaço para escrever sobre as duas outras obras que assisti, e que também rendem bons comentários: Tobari e Happy Days. Sendo assim, deixo abaixo mais algumas coisitas sobre Goran:

Aqui um link do youtube para quem não conhece o trabalho ir correndo conhecer: http://www.youtube.com/watch?v=KtX-V4OE50Y
Aqui uma informação da Wikipedia: ele se tornou famoso como líder da banda Bijelo Dugme e como compositor de trilhas sonoras para cinema (destacando-se os trabalhos para Emir Kusturica).

Aqui uma dica: assistam os filmes do Kusturica, são bem bons. Gosto particularmente do  Underground - Mentiras de Guerra (Underground), 1995.

Sobre o Kusturika (também da Wikipedia): Emir Kusturica ([ku.stur.'i.tza] em sérvio cirílico Емир Кустурица; pronunciado "Êmir Kustúritsa") (Sarajevo, 24 de novembro de 1954) é um cineasta e músico sérvio. Com uma expressiva seqüência de trabalhos internacionalmente aclamados, Kusturica é visto como um dos mais criativos directores de cinema dos anos oitenta e noventa. 

E aqui dois links sobre o espetáculo Alkohol:

http://miltonribeiro.opsblog.org/2010/09/08/goran-bregovic-esta-em-porto-alegre/ (este é de Milton Ribeiro, que tem bastante informações sobre o Bregovic)

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/07/diversaoearte,i=211828/GORAN+BREGOVIC+REUNE+6+MIL+PESSOAS+PARA+CELEBRAR+O+CENA+CONTEMPORANEA.shtml (este é do Correio Braziliense, da matéria sobre o show dele lá)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Criação - desdobramentos

Penso que fui muito reducionista quando afirmei aqui neste espaço, em um post anterior, que o filme Criação era bom para passar o tempo e relaxar. Faltou destacar os diversos aspectos positivos que vejo nele. O filme é um bom mote para problematizar e refletir sobre algumas questões: a origem do universo, fé X ciência, os limites do humano, entre outras possíveis. Mas o que mais me tocou é a questão da assunção de algo em que você acredita, constata e que faz sentido na sua vida, mesmo que isso contradiga tudo o que está ao redor. E o destaque para aquele momento, o momento exato em que isso passa a fazer tanto sentido para você - e de forma tão clara - que lhe adoece continuar negando evidências apenas para satisfazer a necessidade de harmonia nas suas relações pessoais. O amor de forma bastante humana e madura colocada no filme também é uma abordagem que gosto, nada de romantismos bobinhos.

A partir do diálogo que tivemos sobre este filme, o Guilherme trouxe para nós o documentário de Richard Dawkins, The Root of All Evil? (em português: A Raiz de Todo o Mal?). O filme é um documentário britânico feito para a televisão, escrito e apresentado por Richard Dawkins, que tem como foco demonstrar a prescindibilidade das religiões, evidenciando possíveis vantagens para a humanidade advindas de sua inexistência. O documentário foi exibido pela primeira vez em janeiro de 2006 na televisão inglesa, em dois episódios de 45 minutos cada. O título dado ao documentário não era o preferido por Dawkins, mas foi mantido pela emissora (Channel 4) para criar certa controvérsia.

Esta é a sinopse da Wikipédia. Farei minhas considerações sobre o filme num próximo post, pois agora estou na rua e quero destacar trechos específicos, teria que me dedicar sobre o aparelho de DVD para isso. Tenho coisas a ressaltar sobre o filme, mas por ora, fica a dica para quem quiser, assistir - é bem bom.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Outro blog

Oi, 

para quem não sabe, eu ajudo a alimentar um outro blog: o do Neelic, grupo de teatro ao qual pertenço. Se quiserem dar uma olhada, o endereço é http://gruponeelic.blogspot.com/.

Abaixo uma foto do meu amigo Kiran, fotógrafo maravilhoso, do trabalho da escola do Neelic que está em cartaz na Usina. Dá uma olhada no blog do Neelic, pega as informações e vai curtir meu trabalho, neste domingo. A peça faz três horários: 15h, 17h e 19h. Se você for à tarde, depois dá para tomar um café e pegar um pôr-do-sol, e, ainda, quando fechar a noite, assistir uma peça do Em Cena.

 Imagem da peça O Capote, que eu dirijo, da escola do Neelic. Foto do ator em cena com projeção ao fundo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Foto da vista do Guaíba

Esta fotografia eu tirei da vista do Guaíba ali atrás da Usina após um dia de ensaio no Neelic. A água me dá muita paz, e só olhar para ela já é bastante tranquilizador. De tempos em tempos eu gosto de parar, apenas. Olhando para a água ou o vazio. Ou comer um doce, com muita calma. Sinto que há uma plenitude no vazio e um som no silêncio.

Criação

Acabo de assistir o filme Criação, uma abordagem romanceada da história de Charles Darwin. Recomendo para passar o tempo e relaxar.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Moska

Bem, sobrou um tempinho e aqui vou eu outra vez... segue o link de uma música que a-do-ro do Moska.
Tomara que você também goste.

http://www.youtube.com/watch?v=nxhzmCUvkcU

Inauguração

Olá a todos.


Estou inaugurando este espaço para lançar algumas coisas minhas. Estejam convidados a lançar coisas suas. Trarei para cá o exercício da escrita informal, plena de considerações sobre acontecimentos - sobretudo culturais na nossa cidade, no país, no mundo. Também algumas descobertas de minhas pesquisas.
Tudo isso será feito de acordo com o tempo. Não sei se conseguirei escrever todos os dias. Não sei se quero. Uma vez por semana é mais tranquilo de garantir. Tentarei ser mais presente do que isso neste meu espaço, só não quero prometer.

Sejam bem-vindos.

P.S.: Abaixo deixo a letra de uma música do Baleiro que gosto muito, e que diz de mim.

Não Tenho Tempo
Zeca Baleiro

Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Dias passam como nuvens
Em brancas nuvens
Eu não vou passar

Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
Eu não sei voar

Eu tenho um sapato
Eu tenho um sapato branco
Eu tenho um cavalo
Eu tenho um cavalo branco
E um riso, um riso amarelo

Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ouvir cantar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ver chorar

Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
E eu não sei voar