Espaço de compartilhamento, registros, sensações, reflexões, discussões, expressões, imagens, sons, vazios... de diversos elementos da forma e do conteúdo da arte e da vida. Blablabla...

"(...) não o grites de cima dos telhados, deixa em paz os passarinhos (...)"

"(...) Quem pode, pode Deixa os incomodados que se incomodem (...)"

"(...) um coturno (...) sapatilhas de arame (...) alpercatas de aço (...) pés descalços sem pele (...) um passo que a revele (...)"

"(...) Pra pedir silêncio eu berro Pra fazer barulho eu mesma faço (...)"

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Obras do Em Cena

Ois.

Assisti até agora três obras belíssimas no Poa Em Cena deste ano e gostaria de compartilhar, numa última tentativa de que se você, que está lendo isso aqui agora, ainda não comprou seus ingressos, se anime, pois é um evento muito bacana e que vale muito a pena fazer parte.
A minha primeira experiência no Em Cena deste ano foi o espetáculo de abertura, Alkohol, de Goran Bregovic com a Weddings and Funerals Orchestra. Nascido em Sarajevo, hoje na Iuguslávia, Goran é alguém que podemos chamar de especial. Com uma energia fortíssima, levou o público a momentos de concentração absoluta e outros de puro agito. Fazer as pessoas levantarem e dançarem animadíssimas numa noite fria, em pleno Bourbon Country não é para qualquer um, pensei. E me dei conta mais uma vez de como gosto do movimento das pessoas. De como me é prazeroso vê-las dançando, se movimentando. O movimento das gentes no coletivo é algo que me toca de forma tão inexplicável que chega a ser assombroso. As pessoas conhecidas, e as desconhecidas, misturadas, fundindo cores, cheiros, energias. As idades, as formas. Tornando carne o som emitido pelos dezoito músicos em cena, que, a própósito, estavam perfeitamente distribuídos: ao fundo, o pessoal da estética clássica - o preto básico prevalecendo. Divididos corretamente entre homens e mulheres. Nas laterais à frente, a estética era a tradicional-folclórica, com direito a detalhes mínimos nos figurinos e adereços. Me chamou muita atenção a felicidade e espontaneidade daquelas pessoas, que davam a impressão de estarem se apresentando pela primeira vez, tamanha explosão de energia no palco. Uma delas, a que estava bem na ponta esquerda, era linda de chorar: um olho claro e saliente que olha mesmo para quem está cantando, uma voz suave, gostosa de escutar. Ao centro, conduzindo tudo com força e suavidade absolutamente bem temperadas, estava o próprio Goran, com seu figurino contemporâneo todo branco, sapatos vermelhos e sua guitarra azul, ao lado de outro músico,  jovem, também contemporaneamente vestido, de preto. Que aliás, tinha uma energia muito linda, também. E alguns momentos de destaque no espetáculo. O que mais me tocou foi a sensação de que eles poderiam ficar ali horas tocando, escolhendo mais uma e mais outra música,  incansavelmente. A tranquilidade que tinham em continuar proporcionando ao público a euforia de poder participar daquele momento me fez sentir muito contemplada. Tanto que fizeram um "bis" de quase uma hora, maravilhoso. E já ao fim da apresentação, Goran ainda tinha um fôlego e uma força que transbordavam, regendo a energia da plateia através de  sua proposta: "Atacar!". E o público atacou! Gritou, sorriu, dançou, se abraçou. A noite fria de Porto Alegre ficou mais quente depois dessa experiência. A saída das pessoas do teatro foi eufórica, todos comentando entusiasmadamente o que aconteceu.   

Bem, acabo de perceber que vai ficar muito pouco espaço para escrever sobre as duas outras obras que assisti, e que também rendem bons comentários: Tobari e Happy Days. Sendo assim, deixo abaixo mais algumas coisitas sobre Goran:

Aqui um link do youtube para quem não conhece o trabalho ir correndo conhecer: http://www.youtube.com/watch?v=KtX-V4OE50Y
Aqui uma informação da Wikipedia: ele se tornou famoso como líder da banda Bijelo Dugme e como compositor de trilhas sonoras para cinema (destacando-se os trabalhos para Emir Kusturica).

Aqui uma dica: assistam os filmes do Kusturica, são bem bons. Gosto particularmente do  Underground - Mentiras de Guerra (Underground), 1995.

Sobre o Kusturika (também da Wikipedia): Emir Kusturica ([ku.stur.'i.tza] em sérvio cirílico Емир Кустурица; pronunciado "Êmir Kustúritsa") (Sarajevo, 24 de novembro de 1954) é um cineasta e músico sérvio. Com uma expressiva seqüência de trabalhos internacionalmente aclamados, Kusturica é visto como um dos mais criativos directores de cinema dos anos oitenta e noventa. 

E aqui dois links sobre o espetáculo Alkohol:

http://miltonribeiro.opsblog.org/2010/09/08/goran-bregovic-esta-em-porto-alegre/ (este é de Milton Ribeiro, que tem bastante informações sobre o Bregovic)

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/09/07/diversaoearte,i=211828/GORAN+BREGOVIC+REUNE+6+MIL+PESSOAS+PARA+CELEBRAR+O+CENA+CONTEMPORANEA.shtml (este é do Correio Braziliense, da matéria sobre o show dele lá)

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